Educação

Adolescentes da Fundação Casa eternizam vivências em e-book

Projeto realizado pelo Observatório do Livro e da Leitura tem produções de internos da Casa Araçá, de Araçatuba
Da Redação
28/04/2025 às 18h50
Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Com histórias de superação, sonhos, saudades e reflexões sobre o futuro, a Fundação Casa, em parceria com o Observatório do Livro e da Leitura, lançou a segunda edição do e-book “Nossas Palavras”. A coletânea contém textos e ilustrações produzidos por 414 adolescentes atendidos em 17 unidades da Instituição, inclusive da Casa Araçá, de Araçatuba, durante o projeto Clube de Leitura 2.0.

 

As produções foram elaboradas após encontros semanais com mediação literária, em que os jovens liam, discutiam obras e, a partir da biblioterapia, eram incentivados a criar. A publicação reúne poemas, crônicas, memórias, cartas e reflexões que tratam de temas como racismo, discriminação, saúde mental, saudade da família, erros do passado e desejos de recomeço.

 

Em nota, a presidente da Fundação Casa, Claudia Carletto, comenta que ao folhear o livro, é possível ver o quanto o acesso à cultura pode abrir caminhos reais para a transformação. “O que esses jovens escreveram vai além das grades - são pontes com o mundo lá fora. Para além do ebook, a atividade desperta o gosto pela leitura”, afirma.

 

Unidades participantes

 

Participaram desta edição os adolescentes as unidades Araçá, Araraquara, Atibaia, Campinas, Chiquinha Gonzaga, Esperança, Feminino Cerqueira César, Guarulhos, Irapuru I, Itaquera, Juquiá, Laranjeiras, Maestro Carlos Gomes, Marília, Ouro Preto, Paraná, Ribeirão Preto, Rio Dourado, Rio Pardo, São Bernardo I, Semiliberdade de Ribeirão Preto e Vitória Régia.

 

Com temas como a dor de uma mãe, o impacto do preconceito, a realidade da periferia, o desejo de mudança e a valorização dos vínculos familiares, os textos emocionam pela sensibilidade e autenticidade. Alguns jovens escrevem sobre sonhos artísticos como ser mangaká, cantor, artesão ou engenheiro.

 

Novas versões

 

Para a coordenadora pedagógica da Fundação Casa, Karina de Santa Cruz Pimenta, quando um adolescente escreve sobre o que viveu e também sobre o que sonha, ele começa a construir novas versões para si. “O que está neste livro não é só talento literário. É força, é humanidade, é esperança em movimento", declara.

 

Já o presidente do Observatório do Livro e da Leitura, escritor Galeno Amorim, comenta que nenhum escritor, por mais experiente que seja, esquece a sensação de ver seu texto publicado pela primeira vez. “Imagine então o que significa para esses jovens. É o livro como lugar de encontro, cura e futuro”, completa.

 

Iniciativa

 

A iniciativa é realizada pelo Observatório do Livro e da Leitura, com patrocínio da Austral Resseguradora, Austral Seguradora e Valid, e apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, e da Associação Obreiros do Bem.

 

O e-book “Nossas Palavras” está disponível gratuitamente no site: https://bit.ly/clube-20.

 

Clube de Leitura 2.0

 

O Clube de Leitura 2.0 tem como objetivo formar leitores plenos entre adolescentes, promovendo o gosto pela leitura, a ampliação do repertório cultural, o desenvolvimento da autonomia crítica e cidadã e o protagonismo social. 

 

Os encontros semanais, mediados por profissionais capacitados pelo Observatório do Livro e da Leitura, utilizam a biblioterapia como ferramenta de escuta, reflexão e expressão. 

 

A partir das leituras e discussões, os jovens compartilham vivências, constroem novos olhares sobre si e sobre o mundo e se fortalecem para escrever outras histórias.

 


Fundação Casa

 

A Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, aplica medidas socioeducativas conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e o Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo).

 

Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade determinadas pelo Poder Judiciário, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social.

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