Santa Casa de Araçatuba está com 13 crianças internadas acima da capacidade na UTI

A Santa Casa de Araçatuba (SP) divulgou nota no início da noite desta terça-feira (29), comunicando que encaminhou oficio ao DRS-2 (Departamento Regional de Saúde), solicitando a convocação para uma reunião de emergência, para tratar da superlotação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) neonatal e pediátrica do hospital.

Segundo o que foi informado, no início da noite havia 33 crianças internadas para apenas 20 leitos do tipo disponíveis. São 17 leitos de UTI neonatal e apenas três leitos de UTI pediátrica para atender os 40 municípios da área do DRS de Araçatuba.

Além da superlotação nos leitos intensivos, havia mais oito crianças em observação no pronto-socorro do hospital, a maioria das quais em quadros graves de doenças respiratórias, que poderão precisar desse tipo de leito. 

Liminar

O Ministério Público havia obtido uma liminar na Justiça para impedir o encaminhamento de crianças no status “vaga zero” para a Santa Casa, justamente devido à superlotação do hospital, que já não dispunha de estrutura para o atendimento nessas UTIs.

Sem ter para onde encaminhar as crianças que aguardavam por vaga de UTI no pronto-socorro municipal, a Prefeitura recorreu e o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que derrubou a liminar.

Na nota divulgada à imprensa, a Santa Casa informa que a suspensão da liminar contribuiu para o esgotamento da estrutura de atendimento. “A suspensão reduz a possibilidade de encaminhamento ou mobilização Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) para a transferência de crianças para outras referências”, informa a nota.

Busca de soluções

Também na nota, o diretor técnico do hospital, Ronaldo Chideroll, e o superintende administrativo, Luiz Otávio Barbosa Vianna, afirmam que a convocação extraordinária é importante para uma análise minuciosa em conjunto da situação, visando soluções possíveis, com a transparência que a criticidade do momento exige.

Segundo o que foi divulgado, o ofício foi encaminhado ao diretor técnico do DRS, Francisco Carlos Parra Bassalobre; ao secretário municipal de Saúde, Daniel Martins Ferreira Júnior, ao Ministério Público e à Justiça de Araçatuba.

Hospital adotou plano de contingenciamento devido à superlotação

Diante da superlotação das UTIs neonatal e pediátrica, a Santa Casa de Araçatuba informa que adotou nesta terça-feira, medidas de contingenciamento para garantir tratamento e evitar a contaminação das demais crianças internadas nas unidades pediátricas.

Segundo o que foi informado, foi adaptada uma área existente no entorno UTI Neonatal, onde foram instalados 10 leitos de UTI Respiratória. Esse espaço receberá as crianças com síndromes respiratórias que estavam sendo tratadas na UTI Neonatal e Pediátrica.

Em nota, o superintendente administrativo do hospital, Luiz Otávio Vianna, afirma que trata-se de uma área adaptada, com leitos que favorecem o bloqueio de contaminações cruzadas, “mas não observam, rigorosamente, os padrões de Vigilância Sanitária”, de acordo com ele.

Além disso, foi bloqueada uma enfermaria do pronto-socorro da Santa Casa, para que ela seja utilizada no acolhimento de casos respiratórios encaminhados sob o status de “vaga zero”. Eventuais pacientes serão mantidos em quatro leitos nesse espaço, recebendo tratamento, até que possam ser transferidas para outras referências. 

Compromete outros setores

O problema, segundo a nota divulgada, é que as medidas de contingenciamento adotadas devido à gravidade da falta de leitos intensivos e enfermaria para tratamentos pediátricos, impactará fluxos importantes do hospital.

O bloqueio da enfermaria do pronto-socorro, por exemplo, diminuirá a capacidade de atendimento na unidade, que possui 50 pontos de atendimento para pacientes adultos e pediátricos em situações de urgência e emergência. Além disso, a direção da Santa Casa não descarta a possibilidade de suspensão de cirurgias eletivas a serem realizadas no hospital.

Segundo o que foi divulgado, para que fosse dado início à obra para a criação de mais dez leitos de UTI neonatal e pediátrico no hospital, na última segunda-feira (28), foi necessário desativar alguns leitos adultos. “Com menos leitos para adultos, certamente teremos mais dificuldade para internar pacientes eletivos no hospital”, argumenta o superintende administrativo.